quarta-feira, 30 de agosto de 2006

Seria o relativismo negativo ou positivo?

O relativismo está crescendo paulatinamente na sociedade brasileira. O conceito de verdade absoluta parece estar fora de moda: já é considerado por alguns como uma idéia moralista e retrógrada. A doutrina relativista afirma que a veracidade ou aplicação prática das idéias varia conforme as circunstâncias. Para pessoas de diferentes classes sociais, nem todas as legislações do país não devem ser seguidas na totalidade. A aplicação de várias das leis brasileiras poderia ser maleável, variando conforme as circunstâncias: desta forma pensam muitos cidadãos. Assim como na execução das normas jurídicas, a relativização também atinge os conceitos e práticas comerciais e tributárias. A informalidade no comércio, com conseqüente sonegação de impostos, é uma realidade que vem crescendo na economia nacional.


Com a disseminação do relativismo no Brasil, alguns cristãos de diferentes denominações começaram a partilhar também desta filosofia de vida. Mas será que esta maleabilidade de conceitos deve ser adotado na aplicação dos ensinamentos contidos na Bíblia? Em alguns textos das Sagradas Escrituras percebe-se que há sim certo relativismo nas ordenanças expostas.


Um exemplo é esta conhecida passagem bíblica: “Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti, pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o seu corpo lançado no inferno. E, se a tua mão direita te escandalizar, corta-a e atira-a para longe de ti, porque te é melhor que um dos teus membros se perca do que seja todo o teu corpo lançado no inferno.” (Mateus 5:29-30) Obviamente, o Senhor não está orientando ninguém a amputar o próprio corpo. Neste caso específico, o mandamento é para que os membros do cristão não sejam utilizados para pecar. Nesta e em algumas outras situações existem sim um certo relativismo que o discípulo de Cristo deve adotar.


Verdade Absoluta – Entretanto, em uma parcela significativa da Bíblia existem verdades absolutas: de maneira nenhuma podem ser relativisadas. Uma delas é o mandamento “Não matarás” (Êxodo 20:13). Esta ordem dada por Deus é bem clara. Em hipótese nenhuma o Senhor dá aos homens a possibilidade de tirar a vida de seus semelhantes.


Ainda que determinado indivíduo seja um criminoso cruel, tenha cometido assaltos, assassinatos, tráfico de drogas, seqüestros ou estupros, não pode ter sua vida ceifada por outro ser humano. Mesmo que a conduta de certa pessoa esteja corrompida pela maldade, somente o Criador poderá tirar-lhe a vida. Um malfeitor deve sofrer as penalidades da lei, ser preso, julgado e sentenciado. Deverá cumprir as determinadas da legislação. Todavia, apenas o Senhor poderá interromper o pulsar de um coração.


Outro exemplo de verdade absoluta contida na Bíblia é o mandamento “Não furtarás.” (Êxodo 20:15). A Escritura Sagrada é bem clara neste quesito. Ninguém pode roubar nada em hipótese nenhuma. Muitos contribuintes afirmam serem os tributos injustos, e por este motivo os sonegam. Alegam também que alguns governantes são corruptos ou administram de maneira inadequada o erário público. Todavia, um erro não justifica o outro. A injustiça dos valores nas tributações e a eventual corrupção ou ingerência administrativa de algumas autoridades civis não justifica a sonegação de impostos, que em última análise é o furto de dinheiro devido a outrem.


Inúmeros são os princípios bíblicos que não podem ser relativisados. Infelizmente, com o crescimento do relativismo, alguns cristãos vêm evitando praticar “ao pé da letra” algumas verdades bíblicas absolutas. Existem evangélicos que defendem a pena de morte para quem pratica determinados crimes. Até discos cristãos piratas já são comercializados em alguns grandes centros urbanos – neste caso, lesando aqueles ministérios e congregações que utilizam-se da gravação e vendas de CDs para obras sociais. Cabe a cada pessoa que teve um encontro verdadeiro com o Senhor, refletir individualmente nas suas atitudes cotidianas para saber como, onde, e com qual intensidade aplicar o relativismo. “Seja porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna.” (Mateus 5:37).


Autor: Leonardo Silva Horta


Publicado originalmente no site da Igreja Batista do Tirol (Belo Horizonte - MG).

Um comentário:

  1. Gostei sobre sua reflexão, ajudou-me bastante em meu trabalho, mas, queria saber uma coisa: Será que uma mãe pobre, que vê o filho suplicar por um pouco de comida, no ato do desespero, rouba para dar comida ao filho, ela estaria errada? Levando em conta que ninguém a ajudou?

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