segunda-feira, 23 de junho de 2008

Falta de perdão

E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido. - Gálatas 6:9


No meio cristão brasileiro, nesta primeira década do século XXI, há um grande preconceito quanto aos livros ditos “seculares”, considerados todos “profanos” e sem nenhuma utilidade à cristandade. Isto, aliado a falta do hábito de leitura da maior parte dos cidadãos brasileiros, faz com que muitas pessoas deixem de ser abençoadas por boas leituras. É óbvio que muitos livros “não–cristãos” deveriam ser jogados no lixo, sem nenhuma dúvida. Entretanto, há leituras importantes e abençoadoras.


Uma boa dica de leitura é o interessante livro “Contra–ataque”, escrito pelo jornalista Aaron J. Klein (Editora Ediouro, Rio de Janeiro, 2006). É uma publicação para quem que conhecer um pouco mais sobre o conflito árabe–israelense na segunda metade do século XX. Com uma bela descrição repleta de detalhes, o autor relata histórias pouco conhecidas pela maioria das pessoas. É um livro que vale a pena ler.


Ao ler esta publicação, pode-se fazer inúmeras reflexões, algumas delas sobre o perdão. A Bíblia é clara: é necessário ao homem praticar sempre o perdão. Jesus Cristo, ao ser indagado sobre o assunto por um dos discípulos foi categórico. “Então Pedro, aproximando–se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete.” (Mateus 18:21–22). Obviamente, quem perdoa 490 vezes (70x7), perdoará sempre.


O conflito entre judeus e árabes teve início nos tempos bíblicos do antigo testamento. O povo escolhido por Deus já fazia guerras e batalhas em defesa da terra prometida nos primeiros livros das Sagradas Escrituras. Porém, o livro “Contra–ataque” aborda os conflitos apenas nas últimas décadas do segundo milênio cristão. O autor centralizou as pesquisas para elaboração da obra a partir de um acontecimento em especial: um ataque terrorista nos jogos olímpicos realizados na Alemanha, em 1972.


“Contra-ataque” é um exemplo de história da falta de perdão entre os povos envolvidos. Mesmo decorridos 30 anos após um terrível atentado terrorista na cidade alemã chamada Munique, ainda existia desejo de vingança por parte de alguns judeus. É óbvio que os terroristas, assassinos, sanguinários e cruéis precisavam de punição exemplar. Entretanto, a busca desenfreada por vingança a todo custo traz inúmeras conseqüências negativas.


Uma delas está, inclusive, descrita no livro: a morte de um árabe inocente, sem nenhum vínculo com terrorismo. Um cidadão marroquino, radicado na Noruega, foi morto por engano pelo serviço secreto israelense em 1973, conforme descrição no 29º capítulo do livro, intitulado “Um erro trágico em Lillehammer”.


De acordo com o dicionário Aulete digital, perdoar significa “deixar de punir, desculpar, tratar com piedade, com clemência, não fazer mal, poupar”. Jesus Cristo, quando ensinou aos discípulos uma famosa oração, mostrou que todos devem clamar e dizer: “perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores” (Mateus 6:12).


Perdoar não é fácil. Muitos questionam: “e quem estuprou mães, assassinou irmãs, seqüestrou pais ou atropelou avôs, trucidou vizinhos, molestou crianças e esquartejou os próprios cônjuges?” Mas na Bíblia não há distinção de perdão – perdoar é algo para todos em quaisquer circunstâncias. É claro que o perdão não cancela punições. Um criminoso, embora deva ser perdoado conforme as Escrituras Sagradas, deve ser punido conforme a legislação. A atitude de perdoar não exclui a ação de punir.


O apóstolo Paulo, ao escrever a carta aos Efésios, afirmou: “E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.” (Gálatas 6:9). Em outras palavras, o leitor é incentivado a não desanimar nem desistir de praticar o bem. E perdoar está incluído nesta prática. Além de ser bíblico, é uma ordenança a ser praticada.

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